Quebrar o cerco do capital <br>com a luta
No comício da Festa da Amizade, realizado em Almada no dia 5, Jerónimo de Sousa voltou a insistir na necessidade de romper com a submissão do País à União Europeia e ao euro.
O País precisa de se libertar da submissão à UE e ao euro
«O que se conseguiu nesta nova fase na vida nacional, nomeadamente com a alteração da composição da Assembleia da República, onde PSD e CDS estão agora em minoria, vai ao arrepio do que tinham programado e projectado o grande capital nacional e transnacional e as forças políticas que os servem na União Europeia e aqui em Portugal», afirmou o Secretário-geral do Partido, garantindo que todos estes «tinham dado como adquirido para todo o sempre as medidas impostas de cortes e liquidação de direitos». «Não querem que o exemplo vingue», acrescentou.
Falando perante centenas de pessoas que se concentravam no campo de jogos do parque onde se realizou durante três dias a Festa da Amizade, o dirigente comunista repudiou o «arsenal de meios de pressão e ideológicos» de que o grande capital dispõe e ao qual recorre para «criar dificuldades, desestabilizar e inviabilizar qualquer solução, por mais limitada que seja, que se desvie da orientação política que serve os seus interesses». O anticomunismo é um dos seus instrumentos, como aliás se tem observado nos últimos meses.
Jerónimo de Sousa denunciou ainda o «autêntico cerco ao País» que representam as ameaças de sanções a pretexto do «défice excessivo» e a exigência de medidas de regressão económicas e retrocesso social a decidir no próximo mês. Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu tratam Portugal «como uma colónia», denunciou, defendendo que «as ameaças e a chantagem têm que ser firmemente rejeitadas pelo Governo português». Para o Secretário-geral do Partido, «está na hora de dizer basta! Basta de submissão à União Europeia e aos seus instrumentos de dominação», pois o País precisa de crescer e de se desenvolver. Como até aqui, a luta dos trabalhadores e do povo continua a ser o factor decisivo da necessária libertação do País.
Para além de Jerónimo de Sousa, que se referiu ainda à campanha contra a precariedade, à necessária luta pela defesa e valorização da escola pública e à obra notável realizada pelas autarquias CDU no concelho de Almada, intervieram também no comício Jorge Feliciano, do Executivo da Comissão Concelhia, e Pedro Martins, da JCP. No palco, estiveram ainda o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Judas, representantes da juntas de freguesia, membros de células de empresas e outros quadros.
Convívio e transformação
O comício foi o ponto alto do programa político da Festa da Amizade, que se iniciou na tarde de sexta-feira com uma arruada pelas ruas do centro de Almada, que constituiu um importante momento de afirmação do Partido e do seu projecto, a que poucos terão ficado indiferentes. Da programação da Festa da Amizade constaram também dois debates: um, realizado no sábado, dedicado aos 40 anos da Constituição da República Portuguesa, com a participação do resistente antifascista e deputado constituinte José Pedro Soares; e o outro, no domingo, sobre a situação internacional, que contou com a presença de Pedro Guerreiro, membro do Secretariado do Comité Central e responsável pela Secção Internacional do Partido.
Durante a noite de sexta e todo o fim-de-semana, houve concertos, petiscos, conversas, alegria e trabalho voluntário, como é característico das iniciativas do PCP. Se é certo que os comunistas estiveram em grande número, a Festa da Amizade contou com a presença de muitos moradores das imediações do local em que se realizou. Também assim se reforça o Partido.